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segunda-feira, 5 de agosto de 2024

Revelando as Cores de "A Garota Dinamarquesa" Por Rita Barbosa


Hoje vamos conversar sobre "A Garota Dinamarquesa", um filme que não apenas pinta uma imagem vívida do amor e da identidade, mas também mergulha profundamente nas complexidades da transformação, tanto pessoal quanto artística.

Dirigido por Tom Hooper (Os miseráveis e O Dicurso do Rei), o filme é inspirado nas vidas reais dos artistas dinamarqueses Einar Wegener, que se torna um dos primeiros conhecidos a receber cirurgia de confirmação de gênero, transformando-se em Lili Elbe, e sua esposa Gerda Wegener.

A mágica começa de forma bastante sutil — Gerda, interpretada pela incrível Alicia Vikander pede ao marido Einar (Eddie Redmayne) para vestir um traje de bailarina para um quadro. Esse momento, embora simples, desencadeia uma transformação profunda para Einar, revelando gradualmente a persona de Lili.

Lili Elbe, em 1926 / Crédito: Wikimedia Commons

Pode-se pensar inicialmente que o filme trata de cross-dressing, especialmente com o cenário dos anos 1920, mas é muito mais profundo. Ele explora identidade e a jornada em direção à realização do verdadeiro eu. Eddie Redmayne retrata as emoções complexas de Lili com tanta delicadeza, mas na minha humilde opinião, é Gerda quem roubou o coração do espectador. Vikander retrata um espectro de emoções – desde o apoio incondicional até uma sensação de perda de cortar o coração, nos mostrando o outro lado de uma transformação tão profunda.

A cinematografia e os cenários são um verdadeiro banquete visual, lembrando os estilos exuberantes de art déco e nouveau que foram significativos durante os anos 1920. Cada quadro é como uma pintura, enriquecido com profundidade emocional.

O que posso dizer? Em sua essência, "A Garota Dinamarquesa" é uma exploração comovente do amor, arte e identidade. É uma narrativa envolta em visuais delicados, com performances que tornam a jornada dos personagens profundamente pessoal e universalmente ressonante. Se você está afim de um filme que mistura expressão artística com uma narrativa emocionante, esta é uma escolha delicada, mas poderosa. Pegue alguns lenços, acredito que você irá precisar deles!

Título
: A garota dinarmaquesa
Inglaterra, 2015
DireçãoTom Hooper
Roteiro: Lucinda Coxon
Elenco:Eddie Redmayne, Alicia Vikander, Ben Whishaw, Matthias Schoenaerts, Ben Whishaw, Amber Heard, Sebastian Koch, Emerald Fennell e Adrian Schiller.











sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Cinema LGBTQIA+, por Rita Barbosa

 

 

Circumstance é um filme de 2011, de estreia da diretora, Iraniana-Americana, Maryam Keshavarz, que apesar de ter sido filmado no Líbano, tem sua narrativa desenvolvida no Irã moderno.

    Atafeh Hakimi (Nikohl Boosheri) é uma jovem de 16 anos de uma família rica de Teerão, no Irã. Shireen (Sarah Kazemy),  uma órfã cujos pais eram anti-revolução.  

Também temos o irmão de Atafeh, Mehran  (Reza Sixo Safai), ex-viciado em drogas, que literalmente troca o vício das drogas  pelo fanatismo religioso. Mehran é peça chave para o clima angustiante presente em  grande parte do filme.

    Apesar de ter sido pouquíssimo divulgado, Circumstance vai  muito mais além, do que a princípio esperamos encontrar. Se você procura uma  história de amor para aquecer seu coração, pare por aqui! Circumstance é um tapa em  nosso rosto, ou um soco no estômago, ele  nos presenteia com o tipo de história que a  todo momento nos faz pensar: " como assim!?", que nos faz pausar o filme diversas vezes para  respirar fundo, nos dando um choque de realidade de que isso existe, e que sim, as mulheres  passam por tudo isso e mais um pouco nessas regiões. Maryam Keshavarz conseguiu fazer algo  surpreendente, abordando um tabu em um país que não tolera sua manifestação, muito menos  permite a adaptação cinematográfica. E ela fez isso não apenas graficamente, mas mesclando sensualidade a realidade dura e crua do Irã islâmico! O design de produção e a atuação do elenco entregam uma credibilidade que dá a toda a produção uma sensação de autenticidade difícil de alcançar.



    Não pretendo dar spoilers, mas quando estamos assistimos, Circumstance, temos a todo o momento a incomoda sensação de que algo desagradável vai acontecer com as protagonistas, a  incomoda sensação de que cada passo dos personagens estão sendo vigiados, algo que acredito,  foi intencional da Diretora, como uma crítica ao sistema opressor vivido pelo País desde a  revolução de 1979, onde o Irã tornou-se Estado Islâmico, e aqui vai outra dica, reparem nos mínimos detalhes, pois ela nos permite observar e sentir a hostilidade presente nessa realidade  nos mínimos detalhes do filme. Observamos no filme a luta entre o conservadorismo e a independência, e o quão desigual são os oponentes. Infelizmente, Circumstance não recebeu a atenção e divulgação merecida, poucos outros filmes tiveram a coragem de abordar assuntos tão polêmicos e importantes a respeito de uma sociedade tão fechada e repressora, e uma das  consequências desse ato de coragem foi o filme e os atores serem banidos do Irã desde seu  lançamento. 



    O fato é, um filme tão revelador como este, dirigido por uma mulher, sobre duas amantes, ocorrendo no conservador Oriente Médio merece nosso tempo, atenção e olhar crítico. Então é  isso meu caro leitor, prepare as lágrimas, segure os ímpetos de revolta que surgirão durante o filme,  a ressaca moral que você muito provavelmente irá sentir no final, e bom filme! 


"Circumstance".
Estados Unidos/Irã,, 2011.

Direção & Roteiro: Maryam Keshavarz. 
ElencoSarah Kazemy, Nikohl Boosheri, Reza Sixo Safai

Onde ver: MUBI e Google Play