Por Renato Félix*
BENEDETTA
Sagrado e profano misturados
Benedetta (Virginie Efira) é tida como milagrosa desde a infância, quando entra para o convento. Crescida, vê chegar outra postulante que é exatamente o contrário: Batolomea (Daphne Patakia) não entra por vocação, mas para fugir do pai abusivo. O sexo, para ela, está longe de ser um tabu ou pecado, é algo extremamente natural.
Isso surge como um espelho sublime para a mesma mescla que ocorre de uma maneira podre: as intrigas políticas e ambição financeira que levam a Igreja Católica a, por exemplo, aceitar Benedetta como profeta por pura conveniência (ter uma “santa” na cidade vai atrair dinheiro de fiéis e romeiros) e depois tentar se livrar dela por preconceito e inveja.
Se Benedetta é mesmo santa ou se apenas tem alucinações, isso importa menos que sua descoberta de si mesma e o ambiente repressivo e comercial onde está inserida. A partir disso, o filme tem desdobramentos às vezes previsíveis pela lógica, às vezes surpreendentes. A personagem nitidamente conquista a afeição Verhoeven, o que não é sempre que acontece.
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