quarta-feira, 13 de julho de 2011

Johnny Cash - Uma biografia, de Reinhard Kleist


  
Os anos 50 e 60 ecoam em nossas mentes como duas décadas de genialidades em cada esquina no mundo da música. Lá estavam The Beatles, Rolling  Stones, Jerry Lee Lewis, Elvis, Bob Dylan, Johnny Cash entre outros de uma lista quilométrica. Todos de certa forma e a sua maneira se influenciaram e inspiraram os que vieram nas décadas seguintes.  A rebeldia era palavra de ordem, rock and roll virou sinônimo de problemas, pois havia ali não só uma geração artística sendo revelada, mas também um grupo de jovens que estava ferozmente contestando a própria escuridão pós-guerra em que viviam. Suas contestações se davam por meio da música e/ou de suas modas ou comportamentos. Ser jovem, mais do que nunca, era levar a palavra “rebelde” à patamares bem acima daquele que os adultos da época estavam acostumados. Os artistas, por sua vez foram catapultados ao status de “Gurus “ ou “Deuses” que teimavam em caminhar entre seus súditos mortais. Cada declaração proferida por eles tomava proporções de fazer inveja ao twitter. O problema, para muitos destes donos da verdade, era que eles mesmos não estavam preparados para aquele patamar alcançado e com isso suas vidas pessoais eram uma verdadeira bagunça. O status, drogas, dinheiro, fama, sexo não é uma boa combinação quando se é despreparado emocionalmente pra lidar com ela.



 E é justamente neste contexto que encontramos  o jovem Cash, oriundo de uma família religiosa e tradicional. Da mesma forma que Elvis, sua iniciação musical foi no Gospel. Já casado e residindo em Memphis, meca do cenário musical norte americano, Cash e seus dois amigos, que compunham a banda Tennessee Three, encontram o sucesso após gravarem seu primeiro sucesso com o mitico produtor Sam Phillips, da Sun Studio. Daí pra frente o sucesso é caminho certo, mas agendas apertadas, shows em várias cidades e estados virou pretexto para o uso das pílulas pra não dormir para alguns. Para completar, problemas no casamento fizeram  Johnny chegar ao fundo poço. Mesmo assim, conseguiu se reerguer com ajuda da família e de June Carter, a qual se tornaria a futura Srª Cash.

 
A princípio Johnny Cash – Uma biografia do alemão Reinhard Kleist, poderia ser uma cópia melhorada ou estragada do filme Johnny e June, se não fosse por pela linha narrativa diferente e não ter sido oportunista de fazer a HQ por causa do filme, já que o prejeto é anterior ao lançamento da película. Kleist nos apresenta uma obra composta por duas linhas narrativas, uma pelo próprio Johnny Cash, em que testemunhamos sua infância com dificuldades financeiras, a morte trágica do irmão, casamento, divórcio, drogas, prisão e as amizades com os interpretes da época. Em suma ascenção - queda - ascenção. E outra pela ótica de um fã, Glen Sherley, detento do presídio de Folsom, local que será responsável pelo lendário show de retomada da carreira de Cash e de como estas duas histórias irão se unificar. Além das linhas narrativas, o roteiro também enfatiza a história por trás das canções, que se materializam como pequenos episódios durante a obra.

  
Outro ponto que merece destaque é a arte toda em preto e branco de Reinhard Kleist, mostrando excelente domínio da técnica, tanto na composição de personagens quanto de cenários. 

 Uma obra pra ser lida e relida e que nos faz pensar que mesmo que ele (Cash) tenha visto sua própria escuridão em um solo de sua guitarra, ela não lhe tirou a esperança.



Johnny Cash - Uma biografia, de Reinhard Kleist
Título original: Cash - I see a darkness
Publicado pela 8inverso em 2009
Brochura, 17x24cm
244 páginas em preto e branco
R$ 45,00


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Telefone: (83) 3227.0656
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segunda-feira, 11 de julho de 2011

Vicent & Van Gogh, de Gradimir Smuja


 Van Gogh é uma farsante! Sua produção artística é uma fraude escondida a sete chaves! Por trás da figura de gênio perturbado, existia um homem fragilizado e sem aptidão alguma para o sucesso na pintura. Porém, como Van Gogh conseguiu que seu nome entrasse pra história? A resposta é bem simples: Vicent, o gato. Isto mesmo um gato. E não é um felino comum, mas sim, um que fala, é bípede e extremamente inteligente. Entre suas habilidades temos um grande mulherengo, um incorrigível boêmio, genioso, temperamental e claro um excelente pintor.  


Em viagem a Provence, sudoeste da França, em busca de novos ares, depois de uma trajetória frustrante, o dublê de pintor não encontra a inspiração que tanto procurava e seus dias são muitas vezes dedicados a olhar o horizonte da janela de seu quarto. Mas tudo muda quando em certa noite, ao caminhar por ruas mal-afamadas, ele intervem em uma briga de rua, em que muitos estavam dispostos a acabar de vez com a vida do bichano. Van Gogh salva a pobre vítima de tamanho ato brutal. Como gesto de boa fé, leva o quase moribundo pra casa para lhe prestar os socorros. Lá aquela pequena criatura, em um gesto de gratidão, ao ver uma tela em branco faz em poucos instantes, quase de forma sobrenatural, um obra maravilhosa, nada mais nada menos que ‘Os girassóis’ - uma das obras mais famosas do artista holandês. O aspirante a pintor fica de queixo caído e vê naquele pequeno prodígio felino uma grande possibilidade de mudar seu destino desprestigioso.



      
Vicent & Van Gogh, do pintor, desenhista e cartunista iugoslavo Gradimir Smuja, é de longe uma obra de encher os olhos. Sua arte cai como uma luva na narrativa em que recria o cenário expressionista repleto de grandes mestres como Monet, Degas e Gauguin, os quais também são figuras presentes na trama. Cada quadro da HQ não é apenas um quadro, mas uma pequena pintura e de um realismo incrível. Longe de ser apenas um trabalho visual, Gradimir Smuja realizou uma intensa pesquisa para dar vida à história, portanto pode esperar riqueza  em detalhes históricos, porém o grande mérito é a harmonia entre a ficção e o real que faz com que a leitura seja de um fôlego só.


Vincent & Van Gogh, de Gradimir Smuja
Título original: Vincent et Van gogh
Publicado pela Jorge Zahar Editor em 2004
Brochura com capa flexível, 21x28cm
72 páginas coloridas
R$ 50,00


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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Delírios Cotidianos, de Bukowiski & Schuctheiss

 


Charles Bukowski nasceu na Alemanha, mas em sua adolescência foi levado para o país do Tio Sam e lá iniciou sua vasta carreira literária, que compreende poesias, romances, contos e crônicas. Sua trajetória chamou tanta atenção que ainda ganhou uma cinebiografia intitulada Barfly – Condenados pelo Vício, com Mickey Rourke e Faye Dunaway.

Bukowski entre cigarros e bebidas, suas companhias inseparáveis

Como escritor, Bukowski ficou conhecido por transformar suas vivências em matéria-prima para a composição de sua prosa. O "velho safado” (como era conhecido na literatura) nos conduz a um mundo em que as histórias são extraídas das frustrações cotidianas, pintado em cinza, mas sem perder o humor, atravessado, no entanto, pela melancolia de quem apenas vive um dia de cada vez, sem grandes projeções para o futuro.


























O álbum Delírios Cotidianos é, de longe, um excelente ponto de partida para se aventurar pelo universo bukowskiano. As histórias adaptadas possuem todos os elementos que permeiam sua obra, mas este feito só foi possível graças ao quadrinista, também alemão, Matthias Schultheiss.  As hachuras que ele utiliza para compor seus desenhos não se limitam apenas a serem risquinhos para apenas impressionar, mas sim, para transportar da literatura para os quadrinhos personagens e lugares caóticos, subversivos, melancólicos, depressivos, sujos. Obtendo um resultado de encher os olhos principalmente nas linhas que definem músculos, veias e pele. Ao terminar a leitura deste álbum, você poderá ter muitas reações, menos que não foi testemunha de histórias tristes e engraçadas, típicas de nossa vida real.
  


  
Anteriormente, as histórias que compõem esta edição foram publicadas em dois volumes, mas há certo tempo encontravam-se esgotadas e disputadas a peso de ouro. A reimpressão nos brinda com um álbum que reúne as duas obras em um acabamento em capa cartão com laminação fosca e com orelhas. E sem falar na impressão bem cuidada, para não desprestigiar a arte de SchultheissA única ressalva, fica por conta da ausência de um prefácio para apresentar os autores e sua importância seja para a literatura ou os quadrinhos.


Delírios Cotidianos,  de Charles Bukowiski & Matthias Schuctheiss
Título original: Der Lange Job e Kaputt in Der City
Publicado pela L&PM Editores em 2008
Brochura, 16x23cm
152 páginas em preto e branco
R$ 32,00


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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Transmetropolitan Vol.1 – De Volta às Ruas, de Warren Ellis e Darick Robertson



 

Spider Jerusalém tentou fugir da Cidade, mas não deu certo. Ele precisa entregar dois livros para seu editor e, para ter a inspiração e o material necessário para escrevê-los, só voltando ao lugar que ele mais odeia. Assim começa a elogiada série de ficção científica Transmetropolitan, que acompanha o dia a dia de um jornalista alucinado numa megacidade futurista que poderia muito bem ser um espelho perturbado de qualquer metrópole de nossos dias. 

O encadernado De Volta às Ruas reúne as seis primeiras edições da série, criada pelo roteirista Warren Ellis e pelo desenhista Darick Robertson. Transmetropolitan foi lançada, há quase uma década, para inaugurar o selo Helix, da DC Comics, dedicado a quadrinhos de ficção científica. O selo, porém, deu com os burros n'água, justamente porque Transmetropolitan findou sendo o único título que deu certo e que precisou migrar para a Vertigo até chegar a sua conclusão. Hoje é praticamente um cult entre os leitores.   


Spider Jerusalém tem uma noção bastante pessoal de qual é a verdade que deve ser buscada por um jornalista. Ele cruza pelas ruas da Cidade com sujeitos dos mais estranhos: pessoas que resolveram alterar seus corpos com DNA alienígena, inteligências artificiais com a cara do Marlon Brando viciadas em alucinógenos, editores paranóicos, pastores picaretas de seitas para lá de esdrúxulas e até um presidente mezzo Ronald Reagan, mezzo Silvio Berlusconi


Hunter Thompson e sua companheira
Spider Jerusalém e seus textos incendiários











Claramente inspirado no norte-americano Hunter S. Thompson, legendário jornalista cujo estilo de reportagem ganhou o nome de Gonzo Jornalismo, Spider Jerusalem é um herói bastante anti-convencional. Seu único 'superpoder' é a capacidade de destruir a reputação de alguém com suas palavras ferinas e de conseguir informações comprometedoras sobre aqueles que estiverem na sua mira. Cínico, desbocado, violento e inconsequente, ele não tem muita paciência com a hipocrisia da sociedade. Ao mesmo tempo, ele próprio é engolido pelo sistema que renega ao ser alçado ao estrelato por causa de seu estilo.   

De Volta às Ruas traz o arco homônimo ao encadernado, com três histórias, no qual logo após sua volta à Cidade, o protagonista se vê às voltas com um conflito urbano entre as autoridades e uma minoria. As histórias seguintes mostram o que acontece quando Spider resolve mexer com três coisas bastantes presentes na vida das pessoas: televisão, política e religião. 

Para conseguir dar forma às ideias malucas de Ellis, o desenhista Darick Robertson lança mão de um traço estilizado, dando um tom realista que às vezes se aproxima da caricatura na caracterização dos personagens. Por sua vez, a Cidade chega quase a ser, ela também, um personagem da trama e merece atenção especial do artista. Misturando diversos estilos arquitetônicos, luxo e decadência, luminosidade excessiva e sombras opressoras, Robertson preenche cada quadro com o máximo de detalhes, beirando a poluição visual, mas casando muito bem com a proposta caótica da série.

  
Bem ao estilo cyberpunk, Warren Ellis, em parceria com Robertson, se aproveita do futuro para construir uma crítica mordaz à sociedade contemporânea e, em especial, ao jornalismo. Transmetropolitan é considerado por muitos como o trabalho mais importante da carreira do roteirista até agora e uma das séries mais elogiadas da década passada.  

   
Vale lembrar que a editora Brainstore já havia tentado publicar Transmetropolitan no Brasil anteriormente, mas a empreitada foi interrompida por volta da vigésima edição. Desta vez, a Panini promete lançar os 60 números da série e o segundo volume foi anunciado para breve. Uma boa notícia para o público brasileiro.


Transmetropolitan Vol.1 – De Volta às Ruas
Publicado pela Panini Comics em 2010
Capa dura, 17 x 26 cm 
148 páginas coloridas
R$ 45,00

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Av. Nego, 200, Tambaú (João Pessoa-PB)   


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